Os resultados estão na edição deste 19 de setembro da revista científica Food and Chemical Toxicology e apontam para uma ação devastadora da dieta OMG (organismos geneticamente modificados) a que foram submetidas duas centenas de ratos de laboratório: tumores atrás de tumores, uma vida encurtada em mais de metade. Uma lista de preocupações para a indústria OGM.
A experiência foi realizada durante dois anos sob o mais estrito sigilo, camuflada como uma operação militar de alta segurança. Um artigo no site do Le Nouvel Observateur faz o resumo do estudo coordenado por um biólogo da Universidade de Caen, Gilles-Éric Séralini. Os resultados estão na edição deste 19 de setembro da revista científica Food and Chemical Toxicology e apontam para uma ação devastadora da dieta OMG (organismos geneticamente modificados) a que foram submetidas duas centenas de ratos de laboratório: tumores atrás de tumores, uma vida encurtada em mais de metade. Uma lista de preocupações para a indústria OGM.
A ideia de que o milho geneticamente modificado seria inócuo cai aqui por terra e é suplantada pela conclusão assustadora de que, mesmo consumido em baixas quantidades, o milho estudado se revelou altamente tóxico e frequentemente mortal para os ratos. Más notícias: trata-se dos mesmos OGM que nos colocam diariamente no prato - na carne e nos ovos - ou no leite.Gilles-Éric Séralini divulga todos os pormenores da experiência num livro que será posto à venda na próxima semana – “Todos Cobaias!”, edição Flammarion.Uma empresa é particularmente visada pelo estudo – a norte-americana Monsanto, sediada em Saint-Louis. Os ratos colocados sob dieta de milho geneticamente modificado, tratado ou não com Roundup, herbicida também da Monsanto, ou alimentados com água contendo quantidades diminutas de herbicida presente nas plantações de campos OGM, desenvolveram um sem-número de patologias passados que estavam somente 13 meses da experiência.Rigor militarA equipa de Séralini começou a preparar o ensaio em 2006. O nome código da experiência: In Vivo. O primeiro passo consistiu em adquirir as sementes de milho OGM NK 603, patenteado pela Monsanto. A carga passaria por um liceu agrícola canadiano, para chegar em finais de 2007 ao porto de Havre. Seguiu-se a seleção das cobaias, duas centenas de ratos de laboratório, ditos “Sprague Dawley”.Mas não seria necessário sequer esse tempo para que fosse reduzido de forma drástica o número de cobaias, explicou o professor Séralini: “Menos de um ano de menus diferenciados de milho OGM, abateu-se sobre os ratos uma hecatombe de uma amplitude que eu não esperava”.Os ratinhos chegaram a desenvolver tumores mamários com dimensão de 25 por cento do seu peso, no caso das fêmeas. Os machos eram particularmente afetados nos rins e no fígado.Em comparação, os ratos alimentados com milho OMG desenvolviam anomalias com uma frequência duas a cinco vezes superior ao que se verificava com as cobaias de controlo, cuja alimentação não continha OGM.No final da vida esperada para os ratinhos de laboratório - dois anos é a esperança de vida calculada para aqueles animais -, de 50 a 80 por cento das fêmeas OGM eram afetadas, contra apenas 30 por cento das não-OGM. É ainda mais cedo entre os ratos OGM que as doenças atacam: 20 meses antes nos machos e três meses nas fêmeas.São resultados que dificilmente deixarão o dossier OGM na mesma, um debate demasiadas vezes ideológico e subordinado a uma agenda comercial, com todo o poder de dissuasão dos grandes grupos como fator preponderante.A saída do livro do professor Gilles-Éric Séralini, a que se seguirá a exibição da adaptação para o cinema de Jean-Paul Jaud, colocará no entanto novas imagens nas nossas retinas. E essa é uma sugestão que seguramente levará a ponderar de outra forma o papel dos organismos geneticamente modificados nos planos para o futuro.TAGS: Gilles-Éric Séralini, Nouvel Observateur, ratos, OGM,
Nenhum comentário:
Postar um comentário